Início Investimento imobiliário é porto seguro, avalia economista Paulo Gala

Em evento para investidores na região Leste de São Paulo, economista da FGV realça a escolha de projetos com maior potencial de valorização

A compra de imóveis não deve estar atrelada às variações da taxa de juros, mas sim à qualidade dos projetos, sua localização e sua qualidade. Essa é a visão do economista Paulo Gala, professor da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, e economista-chefe do Banco Master. Na noite desta terça-feira (03/12), ele conferiu palestra sobre as perspectivas econômicas para 2025, apresentando um panorama do Brasil e do mundo para clientes, colaboradores e convidados da Porte Engenharia Urbanismo. 

Gala ressaltou que o momento de compra do imóvel é irrelevante caso o comprador receba a oferta de um bom empreendimento imobiliário, sempre de olho em um horizonte de retorno de pelo menos cinco anos.

“É muito difícil acertar o timing da Selic (taxa básica de juros do Banco Central). A escolha do momento de compra de um imóvel está muito mais relacionada à identificação de uma oportunidade. Ou seja, qual o empreendimento, qual a localização e qual o projeto. Em 99% dos casos, os imóveis vão se valorizar”, destacou Gala a um conjunto de investidores imobiliários com foco em empreendimentos na região Leste de São Paulo. “Esperar uma possível queda da taxa de juros pode fazer com que se perca um bom projeto, que não vai estar disponível no futuro”, completou.

O economista lembrou, em meados da década de 1990, debruçou-se sobre o mercado imobiliário na capital paulista, ainda enquanto estudante da Universidade de São Paulo (USP). Na ocasião, o valor do metro quadrado no Jardim Anália Franco era de R$ 1.000,00 (que, atualizado conforme a valorização monetária, equivaleria a R$ 5.000,00 em 2024) .  Para além da equalização da moeda, no entanto, o metro quadrado atual na região chega a até R$ 20.000,00 – ou seja, cinco vezes mais do que a correção da inflação.

“Uma carteira de investimentos vencedora tem um pedaço em ativos imobiliários, ativos em dólar e em títulos públicos e privados atrelados à moeda nacional, o Real. Mas, ao longo da minha própria trajetória, todos os bons investimentos que fiz estiveram muito mais adequados a imóveis bem escolhidos”, reforçou o economista.

Convidado da Porte para apresentar as perspectivas econômicas para 2025, Paulo Gala é graduado em Economia pela FEA-USP, mestre e Doutor em Economia pela Fundação Getúlio Vargas em São Paulo, onde, desde 2002, é professor. Foi pesquisador visitante nas Universidades de Cambridge (Reino Unido) e Columbia (EUA), além de gestor de fundos e CEO em instituições do mercado financeiro em São Paulo. É conselheiro da FIESP e economista-chefe do Banco Master.

Crescimento na Zona Leste

Paulo Gala falou na noite de ontem (3 de dezembro) a um grupo de investidores do mercado imobiliário na região Leste da capital. O encontro para cerca de 150 pessoas foi no Urman São Paulo, um dos maiores empreendimentos da Porte, em construção em plena Radial Leste (interliga o centro expandido da capital paulista a alguns dos bairros mais populosos da capital, como Tatuapé). O projeto integra teatro, centro de convenções e eventos, hotel, mal, complexo de cinemas, torre gastronômica, edifícios residencial, de offices e lajes corporativas. 

O foco do evento era a projeção da economia para 2025 e a reflexão sobre as oportunidades ofertadas pelo mercado imobiliário nesse contexto. A expectativa para 2025, segundo Paulo Gala, é de uma taxa de inflação mais alta, o que eleva também a projeção da Selic. Aplicações em câmbio, por sua vez, tendem a refletir instabilidades políticas locais ou globais. Nesse contexto, a aposta na compra de imóveis torna-se um “porto seguro”.

Em 2024, as vendas de unidades residenciais imobiliárias em São Paulo cresceram 33%, segundo levantamento do Secovi-SP. Empresas de consultoria projetam 2025 como um ano diferenciado, com expectativas na manutenção no número de lançamentos, apesar da maior dificuldade de captação de financiamento diante da alta taxa Selic. No entanto, destacou Paulo Gala, a escolha de projetos imobiliários em regiões promissoras em termos de valorização é um diferencial no portfólio do investidor que busca segurança frente às flutuações macroeconômicas.

Para os que investem em imóveis com foco em uma fonte de renda derivada do aluguel, a notícia é positiva. Ao longo de 2024, os valores de novos contratos de locação variam acima do CDI operado pelos bancos, especialmente quando comparados a 2023 – o que se torna também um diferencial para os que buscam imóveis como investimento e não como moradia. O indicador FipeZap de aluguel residencial acumulou alta de 13,75% entre outubro de 2023 e setembro de 2024 – indicador três vezes superior ao aumento do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor  Amplo), de 4,42% no mesmo período.