A forma como as pessoas se locomovem e interagem com a cidade, pode trazer muitos aprendizados sobre a dinâmica da vida na cidade, bem como o estilo de vida das pessoas e como o cenário urbano interfere no dia a dia e seus hábitos.
Em um cenário pré pandemia, a cidade de São Paulo seguia um estilo de vida que segmentava de maneira clara os dias de trabalho (durante a semana) e os dias de lazer (finais de semana). Com o isolamento social, analisando de maneira geral, os paulistanos adotaram a permanência residencial, e também aumentaram suas atividades de compras nos supermercados e nas farmácias.
Outro fato importante que os dados também apontam, é como o cenário político também interfere diretamente nas tomadas de decisão. Por exemplo, no dia 08 de abril, um pronunciamento referente a uma medicação levou as atividades em farmácia ao pico.
Por outro lado, o cenário mundial caminha um pouco diferente, embora existam algumas semelhanças.
Antes da quarentena, as pessoas em outros lugares do mundo adotavam um estilo de vida mais equilibrado em relação ao trabalho e ao lazer. Práticas ao ar livre eram comuns e as pessoas ficavam menos tempo no trânsito, diferente de São Paulo. Esse comportamento, muito provavelmente se deve ao maior acesso de áreas verdes de lazer e também, a possibilidade de existir plataformas de mobilidade urbana mais eficientes e saudáveis.
Como podemos observar, o isolamento também alterou e muito os hábitos das pessoas ao redor do mundo. Assim como São Paulo, houve maior adesão à permanência residencial, com a diferença de que foram as atividades ao ar livre que ganharam mais destaque.
De acordo com outro estudo realizado pela área de Ciência Urbana da Porte, sobre a qualidade do ar na cidade de São Paulo [inserir link da matéria do blog], vimos que a ONU recomenda 9m² de áreas verdes por habitante e que dos 96 distritos da cidade, apenas 33 estavam dentro do recomendado. Com a pandemia, os poucos parques disponíveis pela cidade encontram-se fechados, dificultando o comportamento em relação às atividades ao ar livre.
Caso a cidade de São Paulo tivesse mais áreas verdes espalhadas pela cidade de forma linear e não apenas concentrada nos parques, muito provavelmente as pessoas poderiam adotar também o mesmo estilo de vida que a população ao redor do mundo. Já que essas áreas verdes estariam ao alcance da rua de casa, ocupando a cidade toda e assim, evitando as aglomeração e incentivando a manutenção de exercícios físicos diariamente.
Sendo assim, ao estudar a cidade e comparar os dados, é possível perceber que a composição das regiões urbanas estão diretamente ligadas aos hábitos de vida das pessoas e por isso é tão importante entender essas dinâmicas para que assim seja possível criar ações e projetos inteligentes que não só facilitem o dia a dia, mas que também tragam melhor qualidade de vida para elas.
Nesse sentido, a área de Ciência Urbana, criada na Porte, é essencial para planejar o direcionamento, seja diante da crise e principalmente, em um futuro pós pandemia.
São Paulo e o Mundo – o que mudou com a quarentena?
