Início Prédios dispensam porteiro e adotam controle a distância

A produtora de musicais Raphaela Carvalho, 36, estava no cinema esperando o filme começar quando abriu um aplicativo no celular para ver as câmeras de segurança da sua casa. Flagrou a babá da filha Catharina, hoje com cinco anos, maltratando o bebê.

O trauma a fez aumentar a segurança de seu novo apartamento no Panamby, zona sul de São Paulo. O local passou a ter porta blindada e um circuito interno de câmeras de alta definição que se movem de acordo com a circulação e permitem o monitoramento a distância, via celular ou tablet. “Consigo fazer zoom, ouvir e falar. Se a minha filha está chorando, posso conversar com ela”, diz. O investimento foi de R$ 15,7 mil. O arquiteto da obra, Maurício Karam, recomenda que o projeto de segurança seja previsto antes do início da reforma, para diminuir custos.

A integração entre automação e segurança, que permite ao morador o controle a distância, foi o maior avanço tecnológico em casas, de acordo com José Roberto Muratori, diretor da Aureside (Associação Brasileira de Automação Residencial e Predial).

Eduardo Troiano, da Troiano’s Intelligence in Projects, especializada em automação, concorda. “Hoje, a cada dez projetos de automação, nove envolvem alguma parte de segurança”, afirma.

CENTRAL DE CONTROLE

No prédio do empresário Jorge Sahao, 51, no Jardim Ampliação, na zona sul de São Paulo, a tecnologia dispensou os porteiros. Todo o monitoramento de segurança, inclusive o controle de acesso, é feito por uma central localizada em outro endereço.

Moradores e funcionários têm digitais, fotos e dados cadastrados, e um sistema de câmeras de alta definição acompanha a movimentação das áreas comuns. No caso de visitantes, ao tocar o interfone, um monitor mostra a imagem a um atendente na central, que faz a liberação.

“A primeira coisa que uma quadrilha faz numa invasão é render o porteiro. Como sistema, isso não ocorre mais”, diz Alexandre Paranhos, do Grupo Pro Security, responsável pela segurança do local. O sistema requer um gerador e duas contas de internet. É recomendável também a presença de uma pessoa em horário comercial para receber correspondências. Por um site, os moradores podem acompanhar a chegada de pessoas e de encomendas.

A ferramenta permite ainda o cadastro de um “dedo do pânico” na biometria. Quando o morador faz o acesso com ele (em vez do dedo usado normalmente), a central de segurança é avisada sem alarde e chama a polícia. A tecnologia permitiu ainda corte no custo do condomínio. “O que eu gasto hoje com esse sistema é a metade do que eu gastava com porteiros, considerando salários, encargos e benefícios”, diz Sahao.

A locação dos equipamentos e a manutenção custam R$ 8.000 mensais. De acordo com Muratori, os preços de sistemas de segurança integrados à automação baixaram cerca de 50% nos últimos cinco anos. “O divisor de águas foi a popularização dos tablets. Atualmente, não dependemos de um equipamento específico”, explica ele. privacidade Com câmeras em quase todos os cômodos da casa, o receio de Carvalho virou a falta de privacidade. “No quarto, a câmera não pega onde está a minha cama”, diz ela, que toma cuidado para não andar muito à vontade pela casa. “O computador do escritório tem senha. Mas às vezes eu fico pensando: ‘Será que eu deixei o aplicativo aberto? Será que tem alguém olhando?’ É um risco que a gente corre”, conta. Também há risco de os circuitos de segurança serem hackeados. “Tem quadrilhas que quebram bloqueio de iPhone, conseguem acesso a bancos. Mas é muito difícil”, afirma Troiano.

CONSTRUTORAS ENTREGAM IMÓVEIS JÁ EQUIPADOS COM TABLET E BIOMETRIA

Quem compra um imóvel da Porte Engenharia, especializada em empreendimentos de alto padrão em bairros da zona leste de São Paulo, ganha um tablet com as chaves do apartamento.

O aparelho permite o controle de iluminação, persianas, ar-condicionado e a visualização de câmeras das áreas comuns. Os imóveis têm ainda infraestrutura para cabeamento de câmeras na parte interna da unidade.

O edifício Helen, que será entregue em 2018, no Tatuapé, terá ainda elevadores com controle de chamada por biometria e cada apartamento contará com fechaduras com controle de acesso por senha. O preço de uma unidade de 374 m² em um andar de altura média é de R$ 5,2 milhões. De acordo com Igor Melro, diretor comercial da construtora, esses diferenciais de segurança impactam pouco no preço do imóvel. “Representa cerca de 0,2% do custo.”

Já a Brookfield Incorporações entrega em 2019 os apartamentos do Praça Gaivota, em Moema, na zona sul de São Paulo, com infraestrutura para ponto de fechadura biométrica na porta de serviço. Há a opção de adquiri-los já com o equipamento instalado, cobrado à parte, próximo à entrega das chaves. Na área social, o acesso será feito por elevadores privativos com biometria. As 38 unidades variam entre 182m² e 320 m² e custam R$ 17,9 mil o metro quadrado. Para José de Albuquerque, diretor de incorporação da construtora, só foi possível instalar esse aparato de segurança porque o empreendimento terá poucas unidades —o que facilita o processo. Não há previsão em outros lançamentos da construtora. “A gestão da segurança de cada unidade autônoma, como a instalação de câmeras internas e portas blindadas, depende do dia a dia de cada cliente. Nosso foco é dar todas as condições para o controle de acesso seguro ao condomínio”, diz.

Fonte: Folha de S. Paulo

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