Início Integração é a solução

Quantos edifícios novos você vê a cada dia em sua cidade? Se pesquisar na internet, você descobrirá que muitos deles já incluem, desde a construção, recursos de conforto e segurança impensáveis até há alguns anos. É a tecnologia chegando ao setor imobiliário e facilitando a vida de quem se dispõe a pagar um pouco mais pelo imóvel novo.

"Na hora de fazer as contas, o comprador acaba percebendo que vale muito mais a pena adquirir a casa ou apartamento já com automação do que deixar para investir nisso mais tarde", diz Jean De Simone, da empresa paulista Flex Automação, que em parceria com grandes construtoras já entregou diversos empreendimentos desse tipo. Em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba e outras cidades, a tendência dos condomínios fechados, a maioria deles de alto padrão, encontrou na tecnologia de automação residencial uma forte aliada.

As fotos desta reportagem mostram detalhes de casas e apartamentos projetados já sob esse novo conceito: a integração através da tecnologia. São trabalhos coletivos, que envolvem arquitetos, engenheiros, paisagistas, mestres de obra e integradores; estes últimos são os profissionais capazes de combinar praticidade, conforto e segurança usando recursos eletrônicos.

"Criamos cenas de iluminação utilizando módulos de mão ou de parede com tela touchscreen e dimmers para lâmpadas halógenas e de led", explica Carlos Virmond, da Domótica Automação de Ambientes, de Curitiba. Em seus projetos, o condomínio inteiro é dotado desses recursos, que o morador aprende a usar já no momento em que recebe as chaves. "Nas suítes, ao lado da cama, deixamos controles inteligentes para gravação, acionamento das luzes e controle individual dos circuitos elétricos instalados", acrescenta ele.

A iluminação automatizada é apenas um dos itens disponíveis nesses empreendimentos. Alguns oferecem, por exemplo, fechaduras eletrônicas com leitura biométrica, ar condicionado central acionado pelo celular ou tablet, sistema de aspiração central rápido e silencioso, janelas com tratamento acústico e até elevadores com sensor biométrico, que identifica os moradores.

No Jardim Anália Franco, bairro paulistano de classe média-alta, a Construtora Porte já entregou vários prédios com essas características. Um dos mais recentes é o Camille, cujos compradores recebem o apartamento já com luzes dimerizadas, tratamento acústico nas lajes, vidros e tubulações, aspiração central e sistema antiembaçante de espelhos nos banheiros – tudo acionado por uma rede Wi-Fi. "Cada apartamento possui controle de acesso nas duas portas principais – social e serviço – através de fechaduras codificadas, permitindo saber quem chegou, em que horário, e até mesmo fechar ou abrir remotamente, através de um tablet ou celular", detalha Josenei Spinelli, da Porte.

Spinelli, assim como seus colegas de outras construtoras, já percebeu o apelo comercial da tecnologia para convencer alguém que está à procura de apartamento. Dependendo do caso, o custo-benefício pode ser calculado na hora: acrescentando 1% ou 2% do valor do imóvel, é possível contar com recursos que, se forem instalados mais tarde, terão custo quatro ou cinco vezes mais alto. "Foi criado um paradigma de que os sistemas de automação são extremamente caros, e isso não é verdade", comenta De Simone, que trabalha em parceria com a Porte Construtora. "Só a economia que se obtém no consumo de energia já cobre boa parte desse investimento extra."

ECONOMIA DE ENERGIA, UM GRANDE ATRATIVO
Localização, área privativa, espaço de lazer, tudo isso é fundamental quando se escolhe uma moradia. "Mas as pessoas mudam de ideia ao perceberem a economia mensal que a automação pode proporcionar", explica Rogério Garcia, gerente de produtos da francesa Schneider Electric, especializada em gestão de energia. Participando de inúmeros projetos residenciais e comerciais pelo país, ele diz que aos poucos os usuários, assim como os profissionais do mercado de construção, vão tomando consciência do que isso significa em suas vidas.

Já é comum, segundo ele, o acionamento das bombas de água só quando realmente necessário e próximo dos horários de maior demanda. Em garagens, estão sendo instalados sensores para controle das luzes conforme a circulação de veículos. “Trabalhamos num condomínio em que o controle das cargas elétricas é monitorado permanentemente", revela Garcia. "A administração sabe quais as cargas que consomem mais energia e em que horários. Relatórios com esses dados são enviados aos condôminos."

O uso racional das luzes em todo o prédio é um dos principais fatores para reduzir o consumo. Num condomínio residencial com 25 unidades de 650m², em São Paulo, a iluminação por leds diminui os gastos em mais de 50%; nos quartos de casal, ao lado da cabeceira, pequenos teclados permitem desligar todas as luzes do apartamento; e há até uma "estação meteorológica", que faz abrir as persianas caso haja uma iluminação natural.

No Edifício Camille, em São Paulo, além de aproveitar ao máximo a luz natural, os aparelhos de ar-condicionado de cada apartamento identificam o momento certo de serem ligados. Ao se abrir uma janela, por exemplo, o sistema diminui automaticamente (e silenciosamente) sua potência. "O aparelho também pode aumentar a refrigeração de um ambiente ao identificar que há um número excessivo de pessoas”, explica De Simone, da Flex.

Mas reduzir o consumo não é preocupação apenas nos condomínios de luxo. Em Sete Lagoas (MG), num condomínio com 217 casas de médio padrão, foi implantado o primeiro conceito de smart city no Brasil. Com medidores em quatro pontos diferentes de cada casa, checando o fluxo de energia a cada minuto, são realizadas 312.480 medições, segundo Gabriel Peixoto, da Neocontrol, empresa do grupo Somfy, especializada em projetos de automação. "Os dados são transportados a um servidor em nuvem, via 3G, a cada 15 minutos", explica Peixoto. "Após alguns meses, verifica-se se houve mudança no padrão de consumo". A previsão, diz ele, é de reduzir o consumo por volta de 30%.

VIDA NOVA. E COM MAIS SEGURANÇA
Se a maior preocupação de uma pessoa é com a segurança de sua casa, os recursos de automação são hoje a forma de controle mais eficiente. Arquitetos e construtores sabem muito bem disso, tanto que sistemas eletrônicos cada vez mais sofisticados vêm sendo adotados em casas e edifícios de alto padrão.

A vantagem de integrar segurança e automação, além de racionalizar os custos, está na facilidade de monitorar tudo que acontece na residência. As novas câmeras de segurança contêm sensores de infravermelho, permitindo captar até imagens no escuro; todo o material registrado fica armazenado num DVR (gravador digital) e pode ser visualizado em qualquer TV da casa ou apartamento, ou até mesmo nos celulares dos moradores, inclusive quando eles estão fora. "É uma exigência dos proprietários", diz Rogério Garcia, da Schneider, cujos sistemas de automação permitem monitorar um condomínio inteiro a distância.

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